Quando fui guindado ao cargo de
prefeito de Laguna, sentia-me preparado
e com muita vontade de atender as aspirações da população que havia acreditado em mim. Se consegui ou não
atingir estes objetivos é uma questão sobre a qual não vem ao caso para esta matéria, mesmo
porque a população já fez este julgamento.
Hoje, passados mais de dez anos
do primeiro dia de meu mandato, olho para trás e vejo que, muito embora a minha
férrea vontade tenha sido a mola propulsora das ações administrativas que
implementei, deveria ter agregado a ela
alguns preceitos e ações que lhe
dariam uma eficácia e dinâmica administrativa muito maior do que a obtida
apenas com a vontade transformadora e o
emprego de conhecimentos administrativos
empíricos.
De fato, se hoje os
administradores que se elegeram no último pleito, desejaram atingir metas e cumprir
compromissos decorrentes da confiança
popular depositada nas urnas, indispensável que os mesmos tenham uma visão bem
diferente daquela simples vontade, condição corriqueira que, com algumas
exceções, permeia a grande maioria de
nossa classe política.
Não vejo como um administrador
possa comandar os destinos de um município sem que sejam previamente planejadas
e motivadas as suas ações. Fruto de minha experiência e conhecimentos que
adquiri ouvindo técnicos em
administração pública, conclui que o administrador público, antes de
implementar suas ações administrativas movidas apenas pela sua vontade, deve dominar
outros conhecimentos e dedicar-se a alguns procedimentos preliminares.
E com este norte, a primeira ação
seria pontuar os objetivos de seu mandato,
identificando os desafios. Logo em seguida munir-se de condições e
retórica para poder comunicar e transmitir
esta visão dos objetivos à sua equipe administrativa, à população e às
demais entidades e níveis de governo que obrigatoriamente deverão participar dos
objetivos pontuados.
Na sequência deveria criar uma
assessoria política e administrativa capaz de gerenciar o sistema, com foco
voltado para alcançar os objetivos almejados, cujas ações devem manter um ritmo
contínuo, ininterrupto e que também reúna condições para gerenciar os conflitos
administrativos e políticos que surgiram com as ações necessárias à consecução
das metas programadas.
Outra importante ação é a
consolidação e a institucionalização dos objetivos planejados. Criado todo este ambiente, os objetivos
passariam a ser o desafio para o qual a equipe, a população e a classe política
estariam ansiosos para implantarem, criando uma sinergia executiva contra a
qual não haveria força capaz de impedir sua realização.
Criadas estas condições,
passar-se-ia a execução dos objetivos,
que respaldados por este ambiente criado pelo administrador, seriam
executados com um mínimo de esforço, quase que automaticamente.
Sem que estes procedimentos
prévios sejam observados, o administrador passará a ser um bombeiro para apagar
os incêndios provocados pelos interesses políticos adversos, pela
desorganização e, principalmente, pela falta de planejamento.
Partindo do pressuposto que as
pessoas não temem as mudanças, mas as perdas que poderão ter com as mudanças, o
administrador transformador deve munir-se de comportamento e ações que deverão
ser norteadas pelas características culturais de sua cidade e pela adoção de
ações que fortaleçam as instituições sociais, deixando transparecer claramente
que as ações transformadoras têm como objetivo o desenvolvimento cultural,
econômico e social dos cidadãos que integram sua cidade.
Já para a formação da equipe administrativa, deveria ser levado em
consideração serem os escolhidos
portadores de conhecimentos afins com a área que atuariam, com
habilidade e atitudes práticas para implementarem as metas planejadas, além de serem portadores
de valores éticos e políticos e, finalmente, que tenham uma ampla visão do contexto onde seriam inseridos.
Lembro novamente que a liderança
transformadora não basta apenas ter
vontade, pois este predicado todos nós temos. É necessário que ela domine
conhecimentos que lhe garantam que as
mudanças sejam implementadas de forma gradual e
constante, com enfrentamento habilidoso dos reais problemas e exoneração
dos falsos problemas, mobilizando, para tanto, os servidores e as pessoas de
sua confiança em torno dos objetivos traçados e desejados pela sociedade.
Finalizo com a premissa de que a
competência é a primeira cancela que abre o
caminho para atingir resultados, e que os resultados decorrem de tempo,
da dedicação e da liderança. Liderança esta que requer caráter, personalidade,
sensibilidade, humildade, ambição e
competência para liderar e mobilizar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário