sábado, 13 de abril de 2013

OS DESAFIOS DOS NOSSOS ADMINISTRADORES




Quando fui guindado ao cargo de prefeito de Laguna, sentia-me  preparado e com muita vontade de atender as aspirações da população que havia acreditado em mim. Se consegui ou não atingir estes objetivos é uma questão sobre a qual  não vem ao caso para esta matéria, mesmo porque a população já fez este julgamento.

Hoje, passados mais de dez anos do primeiro dia de meu mandato, olho para trás e vejo que, muito embora a minha férrea vontade tenha sido a mola propulsora das ações administrativas que implementei, deveria ter agregado a ela  alguns  preceitos e ações que lhe dariam uma eficácia e dinâmica administrativa muito maior do que a obtida apenas com  a vontade transformadora e o emprego de conhecimentos administrativos  empíricos.  

De fato, se hoje os administradores que se elegeram no último pleito,  desejaram atingir metas e cumprir compromissos  decorrentes da confiança popular depositada nas urnas, indispensável que os mesmos tenham uma visão bem diferente daquela simples vontade, condição corriqueira que, com algumas exceções,  permeia a grande maioria de nossa classe política.

Não vejo como um administrador possa comandar os destinos de um município sem que sejam previamente planejadas e motivadas as suas ações. Fruto de minha experiência e conhecimentos que adquiri ouvindo  técnicos em administração pública, conclui que o administrador público, antes de implementar suas ações administrativas movidas apenas pela sua vontade, deve dominar outros conhecimentos e dedicar-se a alguns procedimentos preliminares.

E com este norte, a primeira ação seria pontuar os objetivos de seu mandato,  identificando os desafios. Logo em seguida munir-se de condições e retórica para poder comunicar e transmitir  esta visão dos objetivos à sua equipe administrativa, à população e às demais entidades e níveis de governo que obrigatoriamente deverão participar dos objetivos pontuados.

Na sequência deveria criar uma assessoria política e administrativa capaz de gerenciar o sistema, com foco voltado para alcançar os objetivos almejados, cujas ações devem manter um ritmo contínuo, ininterrupto e que também reúna condições para gerenciar os conflitos administrativos e políticos que surgiram com as ações necessárias à consecução das metas programadas.

Outra importante ação é a consolidação e a institucionalização dos objetivos planejados.  Criado todo este ambiente, os objetivos passariam a ser o desafio para o qual a equipe, a população e a classe política estariam ansiosos para implantarem, criando uma sinergia executiva contra a qual não haveria força capaz de impedir sua realização.

Criadas estas condições, passar-se-ia a execução dos objetivos,  que respaldados por este ambiente criado pelo administrador, seriam executados com um mínimo de esforço, quase que automaticamente.

Sem que estes procedimentos prévios sejam observados, o administrador passará a ser um bombeiro para apagar os incêndios provocados pelos interesses políticos adversos, pela desorganização e, principalmente, pela falta de planejamento.

Partindo do pressuposto que as pessoas não temem as mudanças, mas as perdas que poderão ter com as mudanças, o administrador transformador deve munir-se de comportamento e ações que deverão ser norteadas pelas características culturais de sua cidade e pela adoção de ações que fortaleçam as instituições sociais, deixando transparecer claramente que as ações transformadoras têm como objetivo o desenvolvimento cultural, econômico e social dos cidadãos que integram sua cidade.

Já para a formação da equipe  administrativa, deveria ser levado em consideração serem os escolhidos  portadores de conhecimentos afins com a área que atuariam, com habilidade e atitudes práticas para implementarem  as metas planejadas, além de serem portadores de valores éticos e políticos e, finalmente, que tenham  uma ampla visão do contexto onde  seriam inseridos.

Lembro novamente que a liderança transformadora  não basta apenas ter vontade, pois este predicado todos nós temos. É necessário que ela domine conhecimentos  que lhe garantam que as mudanças sejam implementadas de forma gradual e  constante, com enfrentamento habilidoso dos reais problemas e exoneração dos falsos problemas, mobilizando, para tanto, os servidores e as pessoas de sua confiança em torno dos objetivos traçados e desejados pela sociedade.

Finalizo com a premissa de que a competência é a primeira cancela que abre o  caminho para atingir resultados, e que os resultados decorrem de tempo, da dedicação e da liderança. Liderança esta que requer caráter, personalidade, sensibilidade, humildade,  ambição e competência para liderar e mobilizar.   

   

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