quinta-feira, 26 de setembro de 2019

REVOLUÇÃO FARROUPILHA – A REPUBLICA RIOGRANDENSE, A REPUBLICA CATARINENSE E A PARTICIPAÇÃO DE LAGUNENSES NO CONFLITO


Adilcio Cadorin*
                       

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A Revolução Farroupilha foi um acontecimento épico e bélico desencadeado por importantes segmentos econômicos e sociais da Região Sul,  contrários ao governo imperial brasileiro, que foi deflagrada em 20 de setembro de 1835 em Porto Alegre, que expandiu-se para toda a então Província de  São Pedro do Rio Grande do Sul e para grande parte da Província de Santa Catarina.
Foi o mais longo conflito armado ocorrido no Brasil, que durou dez anos, até  01 de março de 1845, quando foi assinado o Tratado do Poncho Verde, sem vencedores e nem vencidos.

O descontentamento pela falta de maior autonomia administrativa e a contínua imposição de nomes para ocuparem o cargo de presidente da Província nomeados pela Monarquia à revelia dos partidos políticos, das autoridades militares  e dos  produtores, motivou  a revolta, cujo objetivo inicial era depor e substituir o modelo de indicação do nome do Presidente, que normalmente  governava com mão de ferro e com ações que favoreciam exclusivamente aos  interesses monárquicos, sem nenhuma sensibilidade com as necessidades sulistas.
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Aliado a este fator, o excesso de tributação incidente sobre a produção pecuária, principalmente sobre o couro e o charque, foram os fatores determinantes para a eclosão do conflito. 

No dia 20 de setembro, comandados por Bento Gonçalves, os farroupilhas dominaram e tomaram Porto Alegre, obrigando a tropa imperial e o Presidente da Província - Antonio Rodrigues  Fernandes Braga a retirarem-se de Porto Alegre. Em seu lugar indicaram como Presidente Marciano Pereira Ribeiro. Na sequência Bento Gonçalves remeteu ao Regente do Império um documento solicitando que o ato de rebeldia fosse compreendido como resposta às injustiças que o Poder Central cometia com o Rio Grande,  ou então “com a espada na mão saberemos morrer com honra ou viver com liberdade...”  e que  “... é obra difícil senão impossível, escravizar o Rio Grande ...  e  de sua resposta depende o sossego do Brasil ... e dela  também poderá resultar uma luta sangrenta, a ruína de uma província ou a formação de um novo Estado dentro do Brasil”. 

No entanto, a Regência Monárquica ignorou a postulação e manteve o nome de Antonio Braga como Presidente, mandando navios e  reforços militares para combater a insubordinação, fato que obrigou os farroupilhas a proclamarem  a  República Riograndense em 11 de setembro de 1836, após seguidas vitórias em diversos combates. Embora Bento Gonçalves, líder dos farrapos, tenha sido preso no combate da Ilha de Fanfa, o fato não impediu que, uma vez proclamada a República Riograndense, fosse convocada uma Assembleia Constituinte, que aconteceu na cidade de Piratini, quando Bento Gonçalves  foi eleito seu Presidente.
Bento Gonçalves da Silva - Presidente da República Riograndense
Um ano após, tendo logrado fugir da prisão, assumiu de fato suas funções de Presidente, dando continuidade ao movimento seccionista. A Monarquia concentrou sua resistência a partir da  cidade de Rio Grande, único porto que existia na Província, e que não pode ser conquistado pelo farroupilhas, o que os impediu de  terem contato comercial e de  receberem apoio material da comunidade internacional.

Como a Jovem República constatou que sua existência dependia de acesso a  um porto que lhes dessem saída para o mar, idealizaram tomar o Porto da cidade de Laguna e ali proclamar uma segunda república, com dois objetivos: expandir a revolta e assim enfraquecer os esforços bélicos da Monarquia, e disporem de um porto para apoio logístico e comércio exterior.  

Por ser cidade portuária de onde partiram as primeiras famílias para a ocupação portuguesa do território do Rio Grande do Sul, Laguna exercia importante influência no desenvolvimento econômico sulista, pois na Região Sul existiam apenas dois portos, e Laguna possuía um deles. E por ali escoavam a produção do charque, couros e outros produtos primários, que sofriam a mesma excessiva tributação, gerando igual sentimento de insatisfação que permeava dentre os produtores, comerciantes, religiosos e muitos oficiais militares acantonados em Lages, em São José e em Laguna, fazendo coro com a elite riograndense insatisfeita.

Em virtude  destes liames que unia riograndenses e catarinenses, logo após a eclosão da Revolução Farroupilha, a cidade de Laguna passou a produzir e a enviar pólvora para os farrapos, fato que em julho de 1836 obrigou o Ministro da Justiça do Império a exigir  do Presidente da Província de Santa Catarina  providências  enérgicas para coibir a produção e  embarques clandestinos de pólvora. Antes, ainda em Laguna, no mês de março de 1836, alguns oficiais e diversos soldados imperiais foram presos por terem se recusado a integrarem um contingente que deveria combater os farroupilhas na divisa com a Província do Rio Grande do Sul. As prisões aumentaram a insubordinação e o povo foi às ruas, exigindo a deposição da autoridade monárquica, que era representada pelo Coronel Silva França. O clima de inconformidade e de conspiração em Laguna foi de tamanha envergadura que Silva França teve que abandonar a cidade e informou justificando aos seus superiores que convulsionado  estava o distrito de Laguna  pois a maioria da população comunga das mesmas ideias que agitam os filhos do Rio Grande...”

No ano seguinte, um piquete farroupilha, liderados pelo Coronel Filipe de Souza Leão, alcunhado de “Coronel Capote”, desceu dos Campos de Cima da Serra, invadiu Araranguá onde engrossou suas fileiras e  praticamente sem resistência, afugentou a Guarda Imperial, acampando  com sua tropa no Camacho e depois na Carniça (hoje Campos Verdes), de onde controlou toda a margem direita do Rio Tubarão, até o campo da Passagem da Barra. A seu comando vieram unir-se voluntariamente um considerável grupo de civis lagunenses liderados por Marcelino Soares da Silva, que comungavam das ideias republicanas. Limitados pelo número de soldados e impossibilitados de transporem o Rio Tubarão para tomarem Laguna, que possuía um grande contingente militar, permaneceram acampados aguardando os reforços para a execução do plano engendrado pelo alto comando farroupilha para invadir Laguna, que seria executado por duas frentes:  o General Davi Canabarro comandando cerca de 1200 homens marcharia por terra, partindo de Viamão, enquanto que Giuseppe Garibaldi atacaria por mar com os dois únicos e pequenos barcos da Marinha da República Riograndense: o Farroupilha e o Seival.     
Barco Seival 
Seival em 1900, consumido por incêndio
Singrando pela Lagoa dos Patos, mas impedido de sair ao mar pelo bloqueio imperial do Porto de Rio Grande, Garibaldi transportou seus dois lanchões  por terra, colocados sobre dois carretões com rodas de  mais de três metros de diâmetro, tracionados por 200 bois, que percorreram cerca de 90 quilômetros por terra, das nascentes do Rio Capivari até a Lagoa de Tramandaí, por cuja barra  saiu para mar e embicou rumo à Laguna.  No entanto, uma forte borrasca afundou o lanchão Farroupilha na foz do Rio Urussanga, salvando-se Garibaldi, mas perecendo diversos compatriotas italianos que também lutavam pela República Riograndense.

Junto à Barra do Camacho, Garibaldi encontrou o Seival que havia superado a tempestade. Para burlar o bloqueio da entrada da Barra que dava acesso ao porto de Laguna, onde a Marinha Imperial mantinha cinco barcos equipados com canhões, Garibaldi introduziu o Seival no Canal da Barra do Camacho e navegou pelo complexo de lagos até atingir o Rio Tubarão, por onde conseguiu atacar pela retaguarda  quatro navios imperiais, que surpreendidos e assustados foram facilmente derrotados, sendo  apreendidos os navios Lagunense, Itaparica, e Santana.

Na mesma tarde de 22 de julho de 1839,  com 40 homens Giuseppe  Garibaldi  dirigiu-se para o Cais do Porto e com um último combate, assenhorou-se da cidade de Laguna, onde horas após chegaram  o batalhão dos Lanceiros Negros comandados pelo Coronel Teixeira Nunes e mais tarde a tropa  farroupilha comandada por  Davi Canabarro.

Como comandante das forças de ocupação, Canabarro enviou à Câmara de Vereadores  um documento  sugerindo a proclamação de uma república independente e a secessão do Império Brasileiro, no que foi aceito por votação unanime ocorrida na sessão do dia 29 de julho.
 General Davi Canabarro

 A histórica sessão foi presidida por Vicente Francisco de Oliveira e dela participaram  os vereadores  Domingos Custódio de Souza,  Antonio José de Freitas,  José Pereira Carpes,  Floriano José de Andrade e Emanuel da Silva Leal, que proclamaram a independência do Estado Catarinense Livre, Constitucional  e Independente, adotando o sistema republicano, que passou a ser conhecida como República Catarinense. Até que fosse eleita uma Assembleia Constituinte que dotasse a República Catarinense com uma Constituição, em 7 de agosto foi eleito provisoriamente o comandante da unidade militar imperial de S. José, Coronel Joaquim Xavier das Neves como seu Presidente e o Padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro como Vice-Presidente,  republicano e parlamentarista convicto.
Padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro -
Presidente da Republica  Catarinense

Como o Coronel Joaquim estava sendo coagido e pressionado pelo Presidente da  Província de Santa Catarina para não assumir o posto de Presidente da República Catarinense, assumiu o Vice- Presidente, que imediatamente tomou diversas providencias para a formação da Republica, convocando eleições  que em 10 de agosto elegeu por voto direto da população o Corpo Governativo da República, que  ficou composto por  Antonio Jose Machado (123 votos), Vicente Francisco de Oliveira (110 votos), Joaquim José da Costa (104 votos), João Antonio de Oliveira Tavares (91 votos), Padre Vicente  Ferreira dos Santos Cordeiro (82 votos),  Antonio de Souza Medeiros (80 votos) e Padre João Jacinto Joaquim (74 votos). Foram criados apenas dois ministérios: dos Negócios da Fazenda, Interior e Justiça, para o qual foi  nomeado João Antonio de Oliveira Tavares e  o Ministério da Guerra, Marinha e Exterior, sendo indicado como titular Antonio Claudino de Souza Medeiros.

Em virtude da formação democrática do Presidente Padre Vicente,  que conflitava com os procedimentos ditados pelas urgências militares comandadas por Canabarro, surgiram  atritos do Comando Militar com o Governo Civil, fator preponderante que retardou diversas operações militares e desencadeou as consequências que culminaram com a extinção da novel República Catarinense no mesmo ano de 1839, em 15 de novembro, quando foram derrotados pela Marinha Imperial na maior batalha naval acontecida em águas territoriais brasileiras.    

Embora tenha sucumbida a República Catarinense e os farroupilhas tenham se retirado de Laguna, contrariando a vontade de Canabarro, o Coronel Teixeira Nunes, juntamente com Giuseppe e Anita Garibaldi, permaneceram em território catarinense, subiram a Serra Geral e junto ao Rio Pelotas, no local conhecido como Registro do  Passo de Santa Vitória, em 14 de dezembro de 1839, com apenas  quinhentos farrapos derrotaram dois mil imperiais, tomando a cidade de Lages, mas foram derrotados em 12 de janeiro 1840 no Capão da Mortandade, em Curitibanos.  

A partir de então a Revolução Farroupilha cingiu-se ao território Riograndense e em 1842, o Governo Imperial nomeou Luiz Alves de Lima e Silva, então Barão de Caxias, para comandar as ações com objetivo de finalizar o conflito separatista.

Depois de diversos confrontos  onde se alternaram vitórias e derrotas,  foi negociado um acordo de paz, e em 01 de março de 1845  foi proclamada a pacificação com base nas condições estabelecidas pelo Tratado do Ponche Verde, que anistiou e incorporou ao Exército Nacional todos os oficiais revoltosos, sem perda de suas patentes, tendo o Império assumido todas as dívidas contraídas pelos republicanos, além de terem reconhecido o direito das lideranças sulistas indicarem o presidente da  Província.

Embora a Revolução Farroupilha seja conhecida como ocorrida no Rio Grande do Sul, não há como negar que sem a participação de Santa Catarina, a  Revolução  não teria alcançado a marca da revolta de maior  duração acontecida no Brasil.

Não foi somente o território catarinense e o Porto de Laguna que serviram como expansão para sustentação dos confrontos e o enfraquecimento das forças imperiais que deram sobrevida e longevidade à Revolução Farroupilha. Houve também a decisiva participação de vultos lagunenses, que não apenas emprestaram suas inteligências e vidas nos confrontos, mas que também exerceram funções importantes em outras frentes, sustentando a república ideologicamente, seja nos parlamentos, nas igrejas, nas organizações civis e nos combates.

Além dos citados acima, centenas de lagunenses que a história insiste em mantê-los anônimos,  imolaram suas vidas em prol da causa republicana.    

Um destes ícones lagunenses foi o padre João Antonio de Santa Bárbara, nascido em Laguna, cujo nome original era João Inácio Pereira, ideólogo republicano com formação liberal e deputado constituinte da República Riograndense, eleito com 2841 votos,  que em 1821 já havia sido eleito deputado junto às Cortes de Lisboa.
Padre João Inácio Pereira, depois
 Rev. João Antonio de Santa Barbara -
Deputado Farroupilha 
Logo que eclodiu a revolta, postou-se ao lado dos farroupilhas. Era excelente tribuno, tanto em seus discursos políticos quanto em suas prédicas religiosas, em cujas oratórias externava conhecimentos doutrinários e filosóficos que davam sustentação às suas pregações em prol do regime republicano. Ao ser eleito, trabalhou ostensivamente até 1837, quando foi elaborada a Constituição da República Riograndense, tendo participado da sua promulgação. Depois da Revolução Farroupilha ter sido pacificada, foi reeleito mais duas vezes e exerceu a função de deputado provincial no Rio Grande do Sul até 1857. Mercê de sua notoriedade como professor doutrinário, teve a honra de ter o Imperador D. Pedro II como um de seus ouvintes em aula que ministrava.  Sua eloquência sensibilizou o Imperador, que em 2 de dezembro de 1845 lhe outorgou a insígnia de Cavaleiro da Ordem de Cristo.

Jerônimo Francisco Coelho -
 Lagunense e Ministro da Guerra
Outro expoente lagunense que teve atuação decisiva na pacificação da Revolução, foi Francisco Jerônimo Coelho, que exercia o cargo de Ministro da Guerra do Império. A história registra que o Duque de Caxias teria sido o pacificador, mas esqueceram-se de registrar que Caxias era subordinado e obedecia ordens e orientações diretamente de Jerônimo Coelho, de quem partiram as ordens e as condições  para que a paz fosse selada com dignidade,  como a que escreveu em 18 de dezembro de 1842: “ ... o General em Chefe (Caxias) é autorizado a conceder ampla anistia a todos os comprometidos na luta da rebelião ... e aquelas praças poderão se retirar para suas casas e as que voluntariamente desejarem ingressarem no Exército poderão ser admitidas ... o General em Chefe é autorizado a dispender da quantia de 300 contos de reis para pagamento de despesa gerais ... e os oficiais anistiados serão restituídos ao gozo de seus direitos militares inerentes a seus postos...” 

No entanto, o maior vulto feminino que emergiu nesta epopeica revolução, foi sem dúvida alguma a da lagunense Ana Maria de Jesus Ribeiro – a Anita Garibaldi, que mesmo enfrentando duros combates e as barreiras do preconceito, sua coragem serviu de exemplo nas encarniçadas lutas, motivada por sua lealdade à causa republicana, sem jamais descuidar-se  do amor e da fidelidade dedicada ao seu homem e da  maternidade que devotou a seus filhos. Se colacionada com as maiores expressões da Revolução, sejam farrapos ou imperais, a nível internacional, constata-se que nenhum deles alçou a incrível proeza de ser considerada heroína em dois continentes e mãe de uma pátria do outro lado do Oceano, muito distante da sua.  
Lagunense Ana Maria de Jesus Ribeiro
ou  Anita Garibaldi 
Combatente dos regimes despóticos, precursora do movimento republicano,  emancipacionista, indulgente com seus inimigos feridos, defensora das igualdades femininas e senhora de uma forte personalidade, erigiu um legado colossal, que pode ser mensurado pelo fato de que seus restos mortais peregrinaram em sete sepultamentos, e a simples citação de seu nome,  mesmo após sua morte, foi suficiente para despertar o ardor revolucionário que motivou a formação dos  batalhões de combatentes que libertaram a Península Itálica dos   invasores que impediam sua unificação.        



Monumento à Anita, em Roma, onde estão sepultados seus restos mortais

      
* Advogado, fundador e diretor do Instituto Cultural Anita Garibaldi. Membro do IHGSC - Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina


   

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

ANITA GARIBALDI - CRONOLOGIA BIOGRÁFICA*



                                                                                                                                    
                                                                                                                                  ADILCIO CADORIN**

O presente trabalho é fruto da necessidade de dar-se  maior conhecimento e esclarecer as datas dos fatos que envolvem a história e os principais acontecimentos da vida de Ana Maria de Jesus Ribeiro, a lagunense que se tornou conhecida como Anita Garibaldi, a Heroína de Dois Mundos e  Mãe da Pátria Italiana. Os registros datados aqui reproduzidos foram fruto de longas pesquisas e convergem com os registros  e anotações dos principais biógrafos da Heroína.



1815 –
Junho
13- Casamento em Lages, Santa catarina, dos pais de Ana Maria de Jesus Ribeiro, nome original de Anita Garibaldi. Eram eles Bento Ribeiro da Silva, de São José dos Pinhais  e Maria Antônia de Jesus Antunes .

1816 –
Julho
04- Nascimento em Laguna, da Irmã  mais velha de Anita Garibaldi, de nome Felicidade.

1821-
 agosto
30- Nascimento de Ana Maria de Jesus Ribeiro, futura “Heroína dos dois Mundos “, Anita Garibaldi, em Laguna, Santa Catarina.  Não foi localizado o seu registro de batizado até a presente data. Há pesquisadores brasileiros que a pretendem  nascida em Lages, onde nasceram dois de nove irmãos. Por iniciativa da Câmara de Vereadores,  da Unisul, lojas maçonicas,   clubes de serviços e outras instituições de Laguna, foi solicitado o reconhecimento judicial da  naturalidade lagunense e nacionalidade  brasileira de Ana Maria de Jesus  Ribeiro,  bem como esta data como sendo a de seu nascimento.

1822 –
Dezembro
07-   Batismo do irmão de Anita Garibaldi, de nome Manoel, em Lages.

1824-
Setembro 
19-  Batismo da irmã de Anita Garibaldi, de nome Sissília,   em Lages.

1826 –
Outubro 
10-  Nascimento da irmã de Anita Garibaldi, de nome Bernadina, em Laguna.

1828 –
Junho
13-  Nascimento da irmã de Anita Garibaldi, de nome  Antônia, em Laguna.

1832 ou 1833 –
Em dia e mês ainda desconhecido, falece  Bento Ribeiro da Silva, pai de Anita,  deixando a esposa e todos seus filhos em extremo estado de pobreza.

1835-
Agosto
30- Primeiro casamento de Ana  Maria de Jesus Ribeiro, em Laguna, com o sapateiro Manoel Duarte de Aguiar, na Igreja Matriz Santo Antonio dos Anjos de Laguna, diante do altar-mor hoje ainda existente no local. Casamento foi realizado contra a vontade da noiva, que sujeitou-se para dar à sua mãe e irmãos uma vida melhor;

Setembro
20- Começo da Revolução Farroupilha.
Após o início dos conflitos no rio Grande do Sul, o “Tio Antônio”, irmão do pai de Anita, homiziou-se na casa de sua cunhada, em Laguna, por ser procurado e perseguido pelos soldados imperiais,  que já haviam incendiado sua casa em Lages em represália às pregações e incitações populares que fazia  em prol  dos republicanos  farroupilhas.

1836 –
Março
12 – Os soldados imperiais de Laguna recusaram-se a cumprir ordens do Comando Imperial para deslocarem-se para o Sul, em direção ao Rio Mambitupa, para guarnecerem a fronteira de Santa Catarina contra um possível avanço do farroupilhas. Pela desobediência, diversos soldados e oficiais foram presos, gerando clima de desobediência e   um princípio de revolta da população, posto que a absoluta maioria dos cidadãos conspirava contra o regime imperial, em favor dos ideais republicanos dos farrapos;   
Após pouco mais de um ano do casamento, que não gerou filhos, em virtude de não ter se consumado pela rejeição que Anita lhe impôs,  e em virtude da divergência que possuía por compactuar e defender a Monarquia, ao contrário de Anita e da maioria dos lagunenses,  Manoel Duarte de Aguiar alistou-se no Exército Imperial e retirou-se de Laguna, abandonando Anita;

1839 -
Julho
15- Naufrágio de Garibaldi com sua nau capitaneá “ Farroupilha" nos parcéis de Campo Bom (Jaguaruna), na foz do Rio Urussanga, ao sul de Laguna. Morrem afogados quatorze de seus acompanhantes, quase todos italianos,  entre eles Eduardo Mutru, Luigi Carniglia, Luigi Staderini, Navona, Giovanni e outros.
21-Garibaldi, tendo assumido o comando do “Seival”, que  conseguira abrigar-se na Barra da Lagoa do Camacho, navega pela Lagoa do Camacho e canais, atingindo à foz do rio Tubarão, já em Laguna, sem ter voltado ao mar aberto, aproveitando alagados e canais avolumados pelas águas de grande enchente no Rio Tubarão.
22- Tomada de Laguna por Garibaldi, com apenas quarenta homens. Logo após chegam as tropas do Coronel David Canabarro e os Lanceiros Negros do Tenente Coronel Joaquim Teixeira Nunes.
29- Proclamação da República Catarinense em Laguna, que também ficou conhecida como República Juliana, por ter sido proclamada no mês de julho. A ata que se lavrou na ocasião, faz parte do rico acervo do Museu Anita Garibaldi, em Laguna.

Agosto -
Em dia que se desconhece,  José Garibaldi “descobre" na Barra da Laguna o amor de sua vida, Ana Maria de Jesus Ribeiro, então abandonada pelo marido. Ao ser-lhe servido um café, Garibaldi indagou  seu nome, ao que lhe respondeu chamar-se Ana, mas apelidada de “Aninha”. Garibaldi então lhe disse que passaria a chama-la de Anita, diminutivo que os italianos dão para o nome de Ana. Ao despedir-se  Garibaldi  tomou sua mão e lhe disse:   “Tu deves ser minha”;
Enquanto prepara a defesa de Laguna, contra uma provável invasão dos imperiais, Anita e Garibaldi alimentam seu idílio e passam a se encontrarem diariamente, fazendo longos passeios nas praias, onde e quando Garibaldi aprende a cavalgar, visitando  Anita em sua casa, localizada no Centro de Laguna.
10- Ouvido o Parecer  do Conselho Governativo, o Presidente Provisório da República  Catarinense, Padre Vicente Ferreira dos Santos, decreta a Bandeira Nacional: horizontalmente dispostas  as cores verde, branca e amarela, sendo o verde na extremidade superior. Estas cores permanecem hoje na bandeira do Município de Laguna. Seu brasão de armas traz as palavras dos decretos governamentais republicanos  catarinenses de 1839: LIBERDADE, IGUALDADE, HUMANIDADE.
21-Garibaldi e Anita tornam-se padrinhos de batizado do menino Eduardo Ferreira, em Laguna. O nome de Eduardo, Garibaldi escolheu-o em memória de seu patriota e amigo recentemente afogado, Eduardo Mutru.

Outubro
23- Início do cruzeiro de corso, empreendido por Garibaldi, a mando de David Canabarro, para conseguir suprimentos para a população, cujo porto de Laguna estava bloqueado pela naves imperiais que ficaram ancoradas no marde fronte à Barra de acesso ao Porto de Laguna, impedindo a entrada e saída de qualquer navio. Anita embarca no navio contra a vontade de Garibaldi, que consegue sair do Porto burlando a vigilância do bloqueio das naus imperiais. Anita, resolvida a não mais deixar Garibaldi, transforma-se em corsária de Republica Catarinense. Nos dias seguintes participa de abordagens e ataques a embarcações do Império, apreendendo alguns barcos e suas mercadorias;  

Novembro
03- O  brigue da Marinha Imperial  "Andorinha", avista próximo a Ilha de Santa Catarina (Desterro ) três navios  sob comando de Garibaldi navegando para o sul, e içando bandeira inimiga. O capitão  tenente Francisco Romano deu-lhe caça, mas Garibaldi consegue alcançar o Porto de Imbituba. Um dos barcos avistados pela “Andorinha" era o palhabote ‘Seival”, que trazia Anita entre seus tripulantes. 
04- Cercados por diversos navios imperiais, inicia-se o combate naval de Imbituba, SC, onde  Anita Garibaldi recebe seu batismo de fogo, e oferece a revelação da sua coragem e bravura. Durante a fuzilaria um tiro de canhão inimigo estilhaça dois marinhos que estavam ao lado de Anita  e a arremessa. Garibaldi pensa estar morta. Passados instante, recupera-se e Garibaldi a manda abrigar-se no porão, mas Anita  desobedece e  diz a Garibaldi  que "vou descer ao porão para enxotar os covardes que se foram esconder", subindo momento após com três soldados, voltando a disparar contra as naus imperiais, cujo comandante é atingido mortalmente e se retiram.  Garibaldi despacha por terra parte das mercadorias obtidas durante a expedição de corso. A noite, com o Seival  muito avariado, novamente burlando o cerco dos barcos imperiais, Garibaldi e Anita retornaram a Laguna. 
15- Batalha Naval de Laguna, entre Frederico Mariah e Garibaldi,  envolvendo cerca de 23 embarcações, das  quais apenas seis sob comando de Garibaldi. Cinco capitães de Garibaldi  morrem na carnificina à queima–roupa; ele mesmo, ileso, sobrevive quase que milagrosamente. Anita confirma sua bravura demostrada em Imbituba, provando seu valor guerreiro e tendências heroicas ao atravessar uma dúzia de vezes o canal da Barra, levando munição e armamento num pequeno bote a remo, em pleno tiroteio com fogo cruzado. A mando de Canabarro, e diante da vitória dos imperiais, Garibaldi põe fogo a seus navios, e se junta às forças terrestres, que se preparam para a retirada para o sul, marcando o final da República Catarinense.
          
Dezembro
14-Combate às margens do Rio Pelotas, no passo de Santa Vitória, no planalto catarinense. Além do Tenente Coronel Teixeira Nunes  e José Garibaldi e sua tropa, participaram do rencontro Luigi Rosetti e Anita.
18- Vitoriosos no combate do Passo de Santa Vitória, Nunes, Garibaldi, Anita, Rossetti e Teixeira Nunes, com seus Farrapos, entram em Lages.
24- Anita reencontra seu Tio Antonio e junto com Garibaldi assiste à “Missa do Galo” em Lages.      

1840-
Janeiro
12-Combate noturno nas Forquilhas, no Capão da Mortandade, em  Curitibanos, nas proximidades do Rio Marombas. Ataque do Coronel Antonio de Melo Albuquerque, vencedor. Anita Garibaldi cai prisioneira dos imperiais. Após procurar no campo da batalha o cadáver de Garibaldi que lhe haviam dito morto, e não o encontrando, Anita foge. Cerca de oito dias depois, sozinha, tendo atravessado aproximadamente 200 km de mato e pradarias e tendo burlado a vigilância militar que o Império mantinha nos caminhos, após atravessar a nado os rios Canoas e Pelotas, Anita reencontrou Garibaldi e o Exercito Farrapos retirante, na Vila de Vacaria.

Junho
16- Em tentativa para tomarem o porto de Rio Grande, os farrapos atacam e dominam São José do Norte, RS, mas, não conseguem tomar o Porto. Bento Gonçalves, estimulado por Anita, pede ao comando inimigo que mande  medicamentos para tratar os prisioneiros feridos, que são tratados por Anita. Após tratados, Bento Gonçalves  faz valer seu característico espírito de humanidade e autoriza a liberdade dos soldados inimigos feridos, ocasião que lhes pronuncia: "Ide e dizei como os livres pagam suas dívidas". 

Setembro
16-Nascimento do primogênito de Anita  e Giuseppe  Garibaldi, em São Luiz de Mostardas, no RS, Domingos Menotti Garibaldi, em Casa da Família Costa, próximo a São Simão. Nasce com a testa “afundada “, resultado de um coice de cavalo sofrido por Anita durante a gestação.
25-Ataque de surpresa de Francisco Pedro de Abreu, o “Moringue “, a São Luiz de Mostardas. Estando Garibaldi ausente, Anita tem a casa onde se encontrava cercada, mas foge espetacularmente a cavalo, em pelo, no último instante, segurando o recém-nascido Menotti e as rédeas do cavalo com uma mão e na outra uma garrucha, rompendo o cerco inimigo.

1841-
Janeiro
03- Farrapos iniciam a retirada de Setembrina, hoje Viamão - RS, seguindo rumo norte através da serra inóspita, abrindo a "Picada do Rio das Antas", em penosa e demorada marcha, sob os flagelos da fome e de de chuvas  que duraram muitos dias. Garibaldi revesa-se com Anita, que trazem o filho envolvido num lenço pendurado ao pescoço, para aquecê-lo. Famintos todos, abatem seus animais para alimentarem-se. Utilizando um dos últimos cavalos, Anita adianta-se do grosso da morosa expedição, e consegue atingir o planalto e a sobrevivência do depauperado Menotti. Chegando aos  campos do Planalto Serrano,  os Farrapos seguem ao distante Passo Fundo e chegam em São Gabriel em meados de Março, ali  fixando sua  nova e provisória Capital da República Riograndense.

Maio
Garibaldi desliga-se do  Movimento Farroupilha. Após algumas horas de colóquio com o General Bento Gonçalves,  parte para o Uruguai, com Anita e o pequeno filho Menotti, levando considerável tropa de gado que em seguida vai perdendo, em grande parte, pelo longo e acidentado caminho até Montevidéu.

Junho
Anita, Garibaldi e o filho Menoti chegam em Montevidéu.

1842-
Março
26-Casamento de Anita e Giuseppe Garibaldi, na Igreja de São Francisco, em Montevidéu.

1843-
Março
23-Batismo de Domingos Menotti  Garibaldi em Montevidéu,  primogênito brasileiro de Anita Garibaldi.

Novembro
30-Nascimento da filha Rosita Garibaldi, em Montevidéu

1845- 

Fevereiro
22- Nascimento da filha Terezita Garibaldi, em Montevidéu.
27- Assinatura da paz entre os Farrapos e o Império, em poncho Verde. David Canabarro representa os rebeldes. Bento Gonçalves, doente, não comparece.

Dezembro
23-Falecimento da filha Rosita Garibaldi em Montevidéu. O túmulo no Cemitério Central, com o “nicho” vazio e respectiva lápide, ainda hoje permanecem conservados.

1846 - 
Fevereiro
8- Na Batalha de Santo Antonio del Salto, entre argentinos e uruguaios,  onde estes lutavam pela sua independência sob o comando de Giuseppe Garibaldi, Anita participa auxiliando e socorrendo os feridos, organizando o primeiro corpo de enfermagem do Uruguai. 

1847-
Fevereiro
4- Nascimento do filho Ricciotti Garibaldi, em Montevidéu.

Dezembro
27-Giuseppe Garibaldi  envia a esposa Anita com os três filhos para a Itália. Anita Garibaldi e seus três filhos partem  definitivamente do continente natal, mas condiciona levar consigo as cinzas da filha Rosita. Como no Uruguai a exumação era proibida, Garibaldi  promete que furtará os restos mortais, e os levará logo em seguida, quando partir para a Itália.  
Durante os quase sete anos que reside no Uruguai, a casa de Anita foi transformada em ponto de encontro dos refugiados italianos que idealizavam  voltar para expulsar os estrangeiros e unificar a Itália. Neste período, Anita aprimora seus conhecimentos e domina as línguas espanhola e italiana.   

1848-
Março
02- Anita Garibaldi desembarca com os filhos em Gênova, onde è recebida  e aclamada por centenas de pessoas que a aguardavam, saudando-a com fogos e gritos de "viva a família de Garibaldi, viva a Itália, viva Garibaldi". Em Gênova, Anita participa de várias festividades que se prolongam por uma semana, onde conclama os italianos a se prepararem para a chegada do líder que os conduzirá nas lutas contra os invasores. 
04- O jornal de Gênova "Corriere Mercantile" estampou a notícia: "Chegaram ontem à nossa cidade a  mulher e os filhos de Garibaçldi.  Uma multidão de cidadãos dirigiu-se esta manhã à sua casa e uma bandeira foi oferecida à nobre mulher. ... e Anna Garibaldi  exprime seu reconhecimento com discurso..."    

08-Anita com os Filhos parte de Gênova para Nizza, onde vai fixar residência na casa da sua sogra Rosa Raimondi.

Abril
15-Partida de Garibalidi de Montevidéu, acompanhado de cerca de setenta companheiros fiéis, entre eles Francesco Anzani, Gaetano Sacchi, o “Mouro” André  de Aguyar e Montanari. O navio “Speranza” leva, também, os restos mortais de sua  filhinha Rosita, subtraídos do Cemitério Central de Montevidéu, conforme havia prometido para Anita. 

Junho
21-Chegada de Garibaldi em Nizza, às 11 horas da manhã, após onze anos de ausência da terra natal.

Outubro
24-Garibaldi parte com Anita e 72  voluntários, em viagem marítima à Sicília.

1849-
Fevereiro
09-Após expulsar o Papa de Roma, os republicanos proclamam a República Romana,  com o governo Provisório constituído por um Triunvirato composto por Giuseppe Mazzini, Carlo Armellini e Aurelio Saffi.
26-Anita Garibaldi chega a Rieti, vinda de Nizza, via Gênova, para encontra-se com o esposo e passar alguns dias em sua companhia.

Abril
13-Anita Garibaldi deixa Rieti e retorna a Nizza.

Junho
26- Sabendo que Garibaldi luta nas muralhas de Roma, que está sitiada  por milhares de soldados franceses, austríacos e espanhóis, Anita Garibaldi consegue burlar o cerco e entra em Roma, aparecendo subitamente no Quartel-General de Garibaldi na Vila Spada. Garibaldi apresenta a esposa a seus oficiais, dizendo: “agora temos um legionário a mais...”

Julho
02- Contra a vontade de Garibaldi, foi efetuado um acordo para os Republicanos abandonarem Roma. Mesmo já com febre, Anita se recusa a ficar em Roma para tratar-se e acompanha Garibaldi e os cerca de  4.700 legionários que se recusaram a deporem suas armas, iniciando a “Retirada de Roma”, uma hábil estratégia posta em prática,  que se tornou célebre na História Militar Mundial. Na Retirada, a “Legião Italiana” de Garibaldi enfrentou e combateu três corpos de tropas inimigas: franceses, espanhóis e austríacos.
03-Garibaldi, Anita e os legionários em Tivolo.
04-Em Monte Retondo, oonde Garibaldi completa 42 anos.
08-Em Cesi,  onde permanecem até 11
14-Em Orvieto
15-Em Ficulle
17-Em Cetona
20-Em Monterchi e Citerna
26-Em San Giustino
27-Em Monte Luna
28-Em Mercatello ( neste dia morre no porto, em Portugal o ex-rei Carlo Alberto)
29-Em Macerata  Feltria
30-Em Carpegna
31-Chegada em San Marino. O General Garibaldi dissolve a sua “Legião Italiana”, em respeito ao Direito de Asilo da milenar República que lhe está a exigir esta atitude dramática. Anita Garibaldi, cada vez mais  enferma, rejeita veemente permanecer na cidade para tratar-se. Garibaldi  redige seu histórico “Manifesto” aos legionários italianos.  Desde a Retirada de Roma foram perseguidos por milhares de soldados estrangeiros. Até chegarem a San Marino, houveram diversos confrontos, tendo Anita participado ativamente , mesmo estando bastante enferma e com febre alta.

Agosto
01- Garibaldi  tenta impedir que Anita o acompanhe em sua partida de San Marino, alta Madrugada, mas Anita resiste, e mesmodoente, partem com um último grupo de 185 fiéis, divididos em duas colunas dirigidas por guias sanmarinenses. Os dois grupos conseguem “filtrar” pelo cerco das tropas austríacas, e  juntaram-se novamente ao norte do território da República.
02-Garibaldi  e os últimos retirantes chegam a Cesenatico, hoje Porto Garibaldi, às margens do Mar Adriático. Ali  embarcam à noite, com muitas dificuldades em vários barcos a vela, requisitados, chamados “bragozzi”,  em direção à Veneza. Anita Garibaldi piora visivelmente, aumentando a angústia do marido.
03-As embarcações dos retirantes são atacadas por navios de guerra austríacos. Garibaldi e seus desembarcam na praia de Magnavacca, num istmo entre o Adriático e o Lago Comacchio. Anita, semi-desfalecida,  é  trazida nos braços de Garibaldi. Perseguidos por patrulhas de soldados austríacos, que haviam ordenado o fuzilamento  sumário de quem socorresse o casal,  conseguem refugiarem-se em uma rustica cabana de pescadores a beira de um labirinto de canais do Lago Comachio.
04- Ao final da tarde, sob forte calor, com Anita desfalecida,  Garibaldi chega à Fatoria Guiccioli, onde o médico Nannini a esperava, mas depois de examiná-la, sentencia que não há mais nada a fazer. Poucos instantes após, Anita falece. Eram 19:45 hs.
04-  Primeiro Sepultamento de Anita.  Logo em seguida, preocupado com a ameça de serem fuzilados se os austríacos descobriram que haviam auxiliado  o casal Garibaldi, o feitor da Fatoria ordena que sepultem o corpo de Anita ainda quente, mandando a dois trabalhadores que conduzissem o corpo e o enterrassem clandestinamente,  distante da sede da Fatoria.  Colocaram o cadáver jogado sobre uma carreta de  duas rodas, mas quebrou uma das rodas e passaram a arrastar a morta pelo chão, por meio de uma corda que lhe amarraram ao pescoço.
Alguns dias após, a menina Pasqua dal Pozzo descobre na Landa Pastorara,  o cadáver de uma mulher, mal sepultada com uma mão desenterrada e dilascerada por animais,  espalhando-se a notícia do achado de cadáver de uma “mulher desconhecida”. A polícia providencia a exumação e a necrópsia. Em virtude da marca da corda amarrada ao pescoço, o médico legista confundiu-se e registrou que havia sido morta por estrangulamento e que estava grávida de seis meses.
11-  Segundo Sepultamento. O  Vigário da Paróquia de Mandriole, autorizado pelos seus superiores, providencia o reenterro dos restos mortais e nos  fundos da Capela  de  Mandriole e faz o competente “ assento ‘no livro de Óbitos, como sendo o cadáver de  “mulher desconhecida “, encontrado  na Landa  Pastorara, em Mandriole.
12- O Delegado de Polícia A. Lavotelli comunica a seus superiores o achado de cadáver de mulher  gravida de um feto de cerca de seis meses, com sinais inequívocos de estrangulamento, e que tudo conduziu a crer fosse o cadáver da mulher de Garibaldi. Houveram várias prisões, posteriormente consideradas injustas, que esclareceram  tratar-se do corpo de Anita Garibaldi

1849 – Terceiro Sepultamento. Garibaldinos liderados por Francesco Manetti  sequestraram os restos mortais de Anita, em virtude da ameaça dos soldados do Papa e austríacos  de desenterrarem  e consumirem com seus retos mortais. 
Quatro Sepultamento. Algumas semanas após, descoberto  o indevido sequestro,  o Vigário  Francesco Burzati logrou recuperar  os restos mortais, mediante a promessa  de sepultá-los no interior da Igreja, o que foi feito  ao lado do altar.

1850 -
Setembro
22- Quinto Sepultamento. Voltando do longo exílio, Giuseppe Garibaldi translada  os retos mortais de Anita Garibaldi, de Mandriole para Nizza, numa verdadeira consagração garbaldina, em romaria cívica, através do norte da Itália, e na qual  se fez acompanhar de dois de seus três filhos. No longo trajeto aconteceram  manifestações, homenagens e exaltações, principalmente nas cidade de Ravenna,  Bolonha,  Livorno, Gênova e Nizza.

1931-
Sexto Sepultamento. Como Nizza passou para o domínio da França, por solicitação do Governo de Mussolini, a França consentiu  no  traslado dos restos mortais de Anita para território italiano, tendo sido sepultada  provisoriamente no Cemitério Staglieno, de Genova, até que ficasse pronto o monumento que Mussolini havia mandado erguer em Roma;

1932-
Junho
02-  Concluído o Monumento à Anita no Monte Gianícolo, o Governo Italiano  promoveu um grande e festivo traslado dos seus restos mortais,  transformado  em um dos maiores  atos cívicos da história da Jovem Itália.  Seus restos mortais foram  colocados em uma urna, que foi  lacrada  no interior do grande monumento erguido em Roma em sua homenagem.   

1999-
Março
22- Em Laguna, com ampla participação de pessoas jurídicas e  civis, foi criada a Fundação Anita Garibaldi, que mais tarde foi transformada no CulturAnita-Instituto Cultural Anita Garibaldi, até hoje  em plena atividade.    

Junho
24- Após processo judicial patrocinado pelo autor como advogado e requerido em nome da  UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina,  Câmara de Vereadores de Laguna, Associação Comercial e Industrial de Laguna, Rotary República Juliana, Rotary Clube de Laguna, Sindicato do Comercio Varejista de Laguna, Lyons Clube de Laguna, Loja Maçônica República Juliana,  Loja Maçônica Regeneração Lagunense,  Loja Maçônica Fraternidade Lagunense e pela Sub-seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, que tramitou na Comarca de Laguna sob número 98.999395-4, por sentença do Juiz Mauricio Fabiano Mortari, foi judicialmente reconhecida a naturalidade lagunense e a cidadania brasileira de Ana Maria de Jesus Ribeiro, a Anita Garibaldi, lavrando-se nesta data o  registro de nascimento tardio junto ao Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais da Comarca de Laguna.    



*  Fontes de Referência –

- CADORIN,  Adilcio – Anita a Guerreira das Repúblicas – 1999 – Edição Comemorativa ao 150º da Morte de An ita Garibaldi -  Governo do Estado de Santa Catarina;      

-CADORIN, Adilcio – Anita Garibaldi Guerreira da Liberdade – 2003 – Editora Best Seller;

-DUMAS, Alessandro – Memórie Di Giuseppe Garibaldi – Editriche Sonzono – 1927 – Milano – Italia;  

-GALLO, Max – Garibaldi A Força de Um Destino – Rusconi Libri – 1982 Milano – Italia;

-GARIBALDI, Giuseppe - Memórie – Giulio Enaudi Editore – 1975 – Torino – Italia;

-MARKUN,  Paulo – Anita Garibaldi, Uma Heroína Brasileira – 1999- Editora Senac;  

-RAU, Wolfgang  Ludwig – Anita Garibaldi O Perfil de Uma Heroína Brasileira – Editora Lunardeli – 1975 – Florianopolis;  


**  Historiador, advogado militante em Laguna - SC, Membro do IHGSC-  Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e  fundador do CulturAnita – Instituto Cultural Anita Garibaldi.